Como o Método Canguru está redefinindo o cuidado com bebês prematuros
O nascimento de um bebê prematuro ou com baixo peso é um momento que exige muito mais do que conhecimento técnico. Exige presença, escuta e um cuidado que vá além dos aparelhos. Exige afeto. É justamente nessa delicada e intensa fase da vida que o Método Canguru se destaca como uma das abordagens mais eficazes e humanas no cuidado neonatal.
Criado na década de 1970 na Colômbia e incorporado no Brasil como política pública, o Método Canguru se firma, em 2025, como padrão ouro em maternidades e hospitais que entendem que a saúde de um recém-nascido começa — literalmente — no colo. A proposta é simples, mas profunda: promover o contato pele a pele entre o bebê e seus cuidadores desde os primeiros dias de vida, reforçando a conexão emocional e fisiológica entre ambos.
O método é aplicado em três etapas interdependentes, que buscam envolver a família desde o início:
Pré-natal e internação:
as famílias são acolhidas e orientadas sobre o quadro clínico do bebê, preparando emocionalmente os pais para participarem do cuidado desde o nascimento.
Contato pele a pele (posição canguru):
quando o bebê está clinicamente estável, é colocado em posição vertical, diretamente sobre o peito do cuidador — geralmente a mãe — promovendo calor, proximidade e estabilidade emocional e física.
Alta e acompanhamento:
após a saída do hospital, o acompanhamento continua de forma ativa e sensível, com o suporte de equipes de saúde que mantêm o vínculo e monitoram o desenvolvimento do bebê.
Ao longo dos anos, e com o avanço da medicina baseada em evidências, os benefícios do Método Canguru não apenas se confirmaram — eles se expandiram. Em 2025, as recomendações da Organização Mundial da Saúde e de estudos internacionais são claras: o contato precoce e contínuo com os pais tem efeitos duradouros na saúde, no desenvolvimento e na qualidade de vida dos recém-nascidos.
Benefícios Comprovados do Método Canguru
1. Estabilidade clínica:
A posição canguru ajuda a regular a temperatura corporal, a frequência cardíaca e a respiração do bebê, muitas vezes reduzindo a necessidade de incubadoras.
2. Estímulo ao aleitamento materno:
A proximidade favorece o início precoce da amamentação e aumenta a taxa de aleitamento exclusivo, essencial para o fortalecimento do sistema imunológico e para o vínculo mãe-bebê.
3. Vínculo emocional profundo:
O contato pele a pele fortalece laços afetivos e ajuda na prevenção de sintomas como a depressão pós-parto, tanto pela presença constante quanto pelo senso de protagonismo que a família adquire no cuidado.
4. Redução do estresse e da dor:
A presença da mãe ou do pai, somada ao toque e à voz familiar, tem efeito calmante comprovado. Procedimentos médicos tornam-se menos invasivos e menos traumáticos para o bebê.
5. Melhora do desenvolvimento neurológico:
Estudos apontam que prematuros submetidos ao Método Canguru apresentam melhores indicadores de desenvolvimento motor, cognitivo ecomportamental ao longo da infância.
6. Participação ativa dos pais:
O envolvimento direto nas etapas de cuidado gera segurança, senso de responsabilidade e conexão emocional intensa desde os primeiros dias de vida.
Em sua última revisão técnica, a Organização Mundial da Saúde reforçou a diretriz: o Método Canguru deve ser iniciado o quanto antes após o nascimento de bebês prematuros ou de baixo peso, sempre que a condição clínica permitir. A recomendação não é apenas uma formalidade. É reflexo de um movimento global de retorno ao que é essencial: o toque, o olhar, o colo.
No Brasil, o Ministério da Saúde mantém o Método Canguru como parte estruturante da política nacional de atenção humanizada ao recém-nascido. Equipes multiprofissionais de unidades públicas e privadas vêm sendo capacitadas continuamente para aplicar a metodologia com excelência. Os resultados são expressivos — tanto na redução da mortalidade neonatal quanto na humanização do cuidado e na percepção das famílias atendidas.
Em um cenário marcado por alta tecnologia e protocolos, o Método Canguru nos lembra que há coisas que nenhuma máquina substitui. O calor do corpo, o compasso da respiração, o conforto de estar junto. Esses são os primeiros vínculos de cuidado — e, muitas vezes, os mais poderosos. Porque no começo da vida, um colo pode ser o melhor remédio.